Portugal é lindo: Conheça a história da Romaria d’Agonia de Viana do Castelo
A devoção a Nossa Senhora d'Agonia começou em 1674, quando a imagem foi colocada na Capela do Bom Jesus do Santo Sepulcro do Calvário, desencadeando a fé popular. A partir desta devoção nasceu, entre 1744 e 1751, a Confraria de Nossa Senhora d’Agonia, alicerce das celebrações religiosas. A capela tornou-se o ponto central das festividades.
Já em 1772, foi atribuída ao evento uma importante dimensão comercial com a criação da Feira Franca, por alvará de D. José I m. A Sagrada Congregação dos Ritos, em 1783, permitiu que se celebrasse uma missa anual solene nessa capela todos os anos no dia 20 de agosto, data que se tornou feriado municipal.
Evolução para festa popular
Ao longo do século XIX, a Romaria expandiu-se além do âmbito estritamente religioso. Em 1861, a festa popular sobrepôs-se à solenidade, transformando-se num grande arraial com cantares, danças e manifestações culturais.
Em 1862, a popularidade atingiu tal dimensão que se estimava que só o fogo-de-artifício atraía mais de 50 000 pessoas. A partir de 1871, foi incluída no programa a tourada, evento que, hoje, já não faz parte das celebrações.
No início do século XX, surgiram elementos emblemáticos: a Festa do Traje em 1906 e a 1.ª Parada Agrícola (cortejo etnográfico) em 1908, características que perduram até aos nossos dias.
Presença na cidade e património cultural
Com o tempo, a Romaria ultrapassou o Campo da Agonia e passou a invadir toda a cidade de Viana do Castelo. A essa altura, passou também a ser conhecida como as Festas de Agosto, destacando-se como a principal celebração popular da província do Minho.
Presentemente, a Romaria d’Agonia estende-se durante a semana que inclui o dia 20 de agosto e reúne uma programação rica e diversificada:
Tapetes floridos na Ribeira, confeccionados com sal, verdadeiras obras-de-arte efémeras. Um visitante descreveu-os com entusiasmo:
“São feitos com sal”
“Um trabalho impressionante…”O impressionante Desfile da Mordomia, com centenas de mulheres trajadas à vianesa e adornadas com ouro, refletindo o orgulho cultural e a tradição local.
O Cortejo Histórico-Etnográfico, com carros alegóricos, gigantones e cabeçudos. Por exemplo, em oficinas da VianaFestas são construídas figuras como o fauno ou o dragão de duas cabeças, utilizadas num desfile com cerca de 3 000 figurantes.
A Procissão ao Mar, com embarcações decoradas que transportam a imagem de Nossa Senhora pelas águas do rio Lima e da costa, simbolizando o elo entre a fé e o mar.
Fogo-de-artifício diário, concertos, feiras de artesanato e festas populares animam as noites da cidade..
Em 2013, as Festas d’Agonia foram reconhecidas com a Declaração de Interesse Público para o Turismo, reconhecendo o seu valor cultural e turístico.
Resumo cronológico
Período | Marco histórico |
---|---|
1674–1751 | Início da devoção religiosa e construção da capela |
1772 | Instituição da Feira Franca |
1783 | Missa solene anual no dia 20 de agosto, feriado municipal |
1861–1908 | Transformação em festa popular com arraiais, touradas, trajes e cortejos |
Final do séc. XX até hoje | Expansão urbana, programação cultural intensa, património reconhecido |
RESUMO
A Romaria d’Agonia é, portanto, uma celebração que nasceu da fé dos pescadores, evoluiu com o tempo e se tornou numa das maiores e mais vibrantes festas populares de Portugal, um verdadeiro símbolo da identidade cultural de Viana do Castelo.
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